Quadro Alquimia

Quadro Alquimia
Uma pitada de simbologias...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre Viver o Momento...

Essa semana assistimos um filme muito especial, um filme que havia assistido a alguns anos atrás com a minha mãe e que na época não me tocou muito, não tinha muita atração pelas questões da existência...
O nome do filme é "Peaceful Warrior", na versão brasileira é "Poder Além da Vida". O filme trata de uma filosofia realmente especial, uma filosofia prática e muito necessária para a humanidade em geral, algo transcendental, algo revelador, enfim... Penso que esse Blog em toda a sua existência vai ter um espaço muito especial para esse tipo de filosofia prática e simples, principalmente a retratada nesse filme.
O filme realmente não poderia me tocar mais do que me tocou, pois há aqui um verdadeiro amor sobre essa questão, algo do dia-a-dia, algo que resumiria a vida, tanto humana como cósmica em geral.
A filosofia que vamos tratar hoje, ou melhor, agora, é exatamente a Filosofia do Instante, do Momento, do Agora.
Sobre o filme é melhor não falar nada, já que a intenção é que olhem, ou que já tenham visto. Mas sobre o tema, tem muito o que se falar.

Ciências, Religião, Filosofia, e -como no caso do filme-, a Arte, vem tratando desse assunto há tempos incontáveis. Visivelmente, na nossa época o que mais nos chama atenção para esse assunto são os diversos fluentes de filosofias orientais hoje espalhadas por aqui, com ênfase para o Budismo, e também a Psicologia moderna. Mas conforme o entendimento de nós mesmos, compreendemos que na verdade qualquer pessoa que visa transcender a verdade sobre as perguntas mais básicas que nos vem à mente, como: "Quem somos? Da onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Para onde vamos?" necessita andar exatamente nesse caminho, e evitar ao máximo sair dele, esse caminho do Viver o Instante, o presente e somente o presente, com 100% de atenção e foco.
Dizem que os maiores mistérios do Universo podem ser compreendidos por quem observa os instantes de sua vida com 100% de atenção, muitos filósofos afirmaram que os nossos preconceitos e mecanismos alteram e limitam o nosso ponto de vista da realidade, nos jogando para o passado para fazer associações e buscar nossos conceitos criados anteriormente, o que é verdade por sinal, então para entendermos um pouco sobre o que é viver o momento com total lucidez, primariamente temos que estudar o que nos separa disso, nossos preconceitos e mecanismos, e suas respectivas causas. Você vive todos os momentos de sua vida? Você não sonha? Você viaja para o passado, futuro, ou cantos remoto de sua mente, quando as situações  pedem-lhe foco e atenção? Você já notou em seu diário viver sintomas como os que foram citados como causa da perda de lucidez e atenção? Pense nisso...

Continuarão os Posts em relação com esse tema. Obrigado!

domingo, 26 de setembro de 2010

Você se considera Cínico?

         
       Muita gente crê errôneamente que ser Cínico é ser falso, dissimulado, etc.
Pois hoje aqui esclareceremos qual o verdadeiro sentido de palavra, ou melhor de tão Nobre Filosofia.
O Cinismo foi uma corrente filosófica fundada por um discípulo de Sócrates, chamado Antístenes, e cujo maior nome foi Diógenes de Sínope, por volta de 400 a.C., que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos.
O termo passou à posteridade como caraterização pejorativa de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio (que em nada se assemelha a origem filosófica da palavra).

Etimologia:
A palavra deriva do grego kynismós, chegando até o presente pelo latim cynismu. A origem do termo, porém, é incerta: Alguns autores afirmam que o nome originou-se do local onde Antístenes teria fundado sua Escola, o Ginásio Cinosarge, ao passo que outros afirmam ser um termo derivado da palavra grega para cachorro: kŷőn, kynós, numa analogia com o fato de os cínicos pregarem uma vida como a dos cães, na ótica das pessoas contemporâneas.

Origem:
Supostamente, o pensamento cínico teve origem numa passagem da vida de Sócrates: estando este a passar pelo mercado de Atenas, teria exarado o comentário:
Vejam de quantas coisas precisa o ateniense para viver...
Ao mesmo tempo demonstrava que de nada daquilo dependia. De fato, o que o filósofo propunha era a busca interna da felicidade, que não tem causas externas — aspecto ao qual os cínicos passaram a defender, não somente com palavras, mas pelo modo de vida adotado.


 A Virtude Moral: Autarquia:
Ao contrário da acepção moderna e vulgar da palavra para o cinismo, o objetivo essencial da vida era a conquista da virtude moral, que somente seria obtida eliminando-se da vontade todo o supérfluo, tudo aquilo que fosse exterior. Defendiam um retorno à vida da natureza, errante e instintiva, como a dos cães.
Afirmavam que dispunha o homem de tudo que necessitava para viver, independente dos bens materiais. A isto chamavam de Autarcia (ou a variante, porém com outra acepção mais difundida, Autarquia) - condição de auto-suficiência do sábio, a quem basta ser virtuoso para ser feliz. O termo grego original é autárkeia - significando auto-suficiência. Além dos cínicos, foi uma proposição também defendida pelos estóicos.
Desacredita nas conquistas da civilização, e suas estruturas jurídicas, religiosas e sociais - elas não trariam qualquer benefício ao homem. Sendo auto-suficiente, tudo aquilo que naturalmente não é dado ao homem pelo nascimento (como o instinto), não pode servir de base para a conceituação da ética. Este pensamento pode ser encontrado no mito do "bom selvagem", de Rousseau.


Pensamento:
Sua filosofia partia do princípio de que a felicidade não depende de nada externo à própria pessoa, ou seja, coisas materiais, reconhecimento alheio e mesmo a preocupação com a saúde, o sofrimento e a morte, nada disso pode trazer a felicidade. Segundo os Cínicos, é justamente a libertação de todas essas coisas que pode trazer a felicidade que, uma vez obtida, nunca mais poderia ser perdida.
Aliado ao discurso, também o modo de vida do cínico deveria ser conforme as idéias defendidas. Para eles a virtude reside, sobretudo, na conduta moral do homem, naquilo que lhe é intrínseco - e não nas conquistas materiais, na aparência exterior.
Os cínicos, assim como Sócrates, nada de escrito deixaram. O que se sabe sobre eles foi narrado por outros, em geral críticos de suas idéias.
O mais importante representante dessa corrente foi um discípulo de Antístenes chamado Diógenes. Ele vivia dentro de um barril e possuía apenas sua túnica, um cajado e um embornal de pão. Conta-se que um dia Alexandre Magno parou em frente ao filósofo e ofereceu-lhe, como uma prova do respeito que nutria por ele, a realização de um desejo, qualquer que fosse, caso tivesse algum. Diógenes respondeu: "Desejo apenas que te afastes do meu Sol". Essa resposta ilustra bem o pensamento cínico: Diógenes não desejava nada a mais do que tinha e estava feliz assim (apenas, no momento, gostaria que seu sol fosse desbloqueado).
O Sol também pode ser entendido como a Sabedoria ou a fonte do Conhecimento. Platão usou a metáfora do sol em seu mito da caverna, significando a presença do Conhecimento e da Verdade que ilumina. Assim, Diógenes, quando pede para Alexandre Magno não se interpor entre ele e o Sol, aponta para o fato de que o Filósofo não necessita de nenhum poder situado entre ele e o Conhecimento.
Assim como a preocupação com o próprio sofrimento, a saúde, a morte e o sofrimento dos outros também era algo do qual os cínicos desejavam libertar-se. Por isso que a palavra cinismo adquiriu a conotação que tem hoje em dia, de indiferença e insensibilidade ao sentir e ao sofrer dos outros.

Bom... acho que aqui fica um bom esclarecimento e já uma bom tema para reflexão de todos, uma consideravel estréia para o Blog. E em homenagem vai aqui um poema.

     "O Cinismo"

"O Cinismo chegou na minha terra
O que será que ele veio aqui fazer?
Libertar o que a minha essência encerra?
Ou ensinar-me a dissimular por lazer?

Me digo mesmo: “Estou eu perdido ao mar.”
A divagar e a sonhar com mil tesouros
Precisaria eu aprender a enganar?
Ou a nadar, voar, por mar, por céus de ouro?

De minha vida só se somaria ao pó
Sabedoria que eu elevaria ao céu
Desapegado, ao lado de meu corpo só
Levantaria e descobria o véu

Com minha morte, a sorte eu comemoraria
Ter conhecido de Cínico um só dia
Mas se julgasse equivocado por dizer
Abraçaria o lixo por vício e prazer

Se fosse falso crendo que eu era Cínico
Me prestaria a no escuro viver
Cego, mudo e sem mostrar dom de mímico
Me exilaria, ignorando o Saber.

Pois bem, agora, me pergunto novamente:
“Porque morrer em tão profunda ignorância?”
Se o tal Cinismo libertou a tanta gente.
Já deveria ensinar-se na infância."
                            (Cósmico Comum)